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O que é o Salário Emocional?

Escrito por Beatriz Candido Di Paolo | 11/03/2021 18:17

Quando ouvimos o termo salário, a primeira coisa em que pensamos é a remuneração, o aspecto financeiro. Mas você sabia que existe outro tipo de salário, conhecido como salário emocional?

Oferecer uma boa remuneração aos trabalhadores sem dúvida é uma boa forma de atrair e reter talentos, afinal, todos os profissionais têm compromissos financeiros a cumprir, como, por exemplo, o pagamento de contas e a quitação de dívidas.

Outros benefícios, como é o caso de planos de academia e auxílio-creche para os filhos dos colaboradores também são importantes fatores que aumentam a competitividade das empresas frente ao mercado de trabalho, pois dão mais recursos e opções para que o trabalhador equilibre a vida pessoal e profissional com respaldo da empresa.

Contudo, apenas um bom salário e plano de benefícios já não é o suficiente para que todos os profissionais sintam plena satisfação com seu trabalho, pois outros fatores passam a ser necessários para garantir a felicidade e a motivação dos colaboradores diante das demandas diárias.

Por conta dessa necessidade de novos estímulos, muitas empresas já estão atentas ao chamado salário emocional, que não é representado por valores de remuneração ou anotado em carteira de trabalho.

O salário emocional é um conjunto de fatores motivacionais e emocionais que, quando oferecidos e combinados com a remuneração tradicional, motivam os colaboradores a permanecerem na empresa.

Neste artigo, vamos te explicar o conceito de salário emocional e a importância desse fator para os trabalhadores do presente. Também vamos trazer alguns exemplos de estímulos que podem compor o salário emocional e te dar algumas dicas valiosas sobre como esse tipo de remuneração subjetiva pode ser aplicado no seu negócio.

Quer saber mais?

Continue com a leitura!

O que é salário emocional?

O salário emocional é todo o contexto intangível de trabalho que é oferecido aos colaboradores de uma empresa. Vamos entender:

Tudo aquilo que é oferecido ao colaborador além de sua remuneração faz parte do contexto intangível de trabalho, ou seja, o ambiente de trabalho, a comunicação interna, os planos de carreira, a qualidade de vida no trabalho, entre outros fatores. 

O salário emocional é justamente todo o conjunto destes fatores não-materiais que são entregues aos funcionários em seu dia a dia de trabalho, extrapolando os benefícios e remunerações obrigatórias pela lei trabalhista.

Muitas empresas que se preocupam com seu capital humano, e que já entendem a importância de estímulos emocionais para o bem-estar e a satisfação interna, já estão criando e implementando estratégias para melhorar a oferta do salário emocional para seus funcionários no longo prazo.

Em resumo, portanto, o salário emocional é um conjunto de fatores que promovem incentivos emocionais e motivacionais aos colaboradores de uma empresa, melhorando o clima organizacional e a satisfação. 

A importância do salário emocional para os colaboradores

O salário emocional surgiu a partir de análises a respeito da Felicidade Interna Bruta (ou apenas FIB), um indicador de desenvolvimento comunitário utilizado em um pequeno país do Himalaia.

O FIB considera aspectos que vão além da riqueza material dos indivíduos e avaliam questões mais subjetivas e pessoais de cada um. Esse indicativo reúne nove pontos que devem ser avaliados para medir a felicidade, que também podem ser aplicadas à empresas:

  • Bem-estar psicológico:

Esse fator avalia o nível de satisfação pessoal dos indivíduos em relação à vida como um todo, considerando também a satisfação com o trabalho. Ele avalia questões como estresse, sensação de pertencimento, fit cultural, emoções positivas e negativas, entre outros.

  • Uso do tempo:

Avalia a gestão do tempo no dia a dia, seja no trabalho ou fora dele. Afinal, na atualidade, o tempo é um dos recursos mais valiosos que existem. Muitas empresas já oferecem a possibilidade de otimização deste fator ao permitirem horários de trabalho mais flexíveis para seus funcionários e contam com estratégias e ferramentas de apontamentos de horas.

  • Educação:

Essa dimensão do FIB considera a vontade e possibilidade dos indivíduos para aprender e, quando pensada no contexto das empresas, considera processos de educação corporativa, financiamento de treinamentos e cursos, possibilidade de horários flexíveis para colaboradores que estudam, etc.

  • Cultura:

Esse fator diz respeito às práticas de estímulo e manutenção de tradições e processos consolidados entre um grupo de pessoas. Pensado para o ecossistema de empresas, a cultura tem como função aumentar a conexão entre fornecedores, colaboradores antigos e novos na empresa e reforçar a cultura local dentro da empresa.

  • Governança:

A governança avalia como um indivíduo se relaciona na sociedade com seus iguais e com seu sistema político. Em uma empresa, esse fator considera a  relação entre lideranças e seus subordinados.

  • Vitalidade comunitária:

Avalia toda a sensação de pertencimento, engajamento e confiança entre os indivíduos que fazem parte da mesma comunidade. No caso das empresas, avalia a confiança entre os colaboradores, o nível de integração, o engajamento, entre outros fatores.

  • Meio ambiente:

Essa dimensão avalia a interação de uma pessoa com o ambiente em que está inserida, levando em consideração sua relação com o meio, suas atitudes para preservá-lo e melhorá-lo, etc. Nas empresas, avalia-se a interação entre o colaborador e o ambiente organizacional como um todo. 

  • Saúde:

Nas empresas, esse fator está atrelado aos hábitos e práticas dentro e fora da organização que visam a manutenção do bem-estar físico. É muito comum que empresas ofereçam flexibilidade para que os colaboradores resolvam questões de saúde, como consultas médicas, durante o horário de trabalho, por exemplo. 

  • Padrão de vida:

Por fim, o FIB também avalia a renda material e as posses dos indivíduos, bem como suas dívidas, salário e habitação. Tudo isso é avaliado para que seja possível entender se os aspectos de remuneração financeira estão sendo suficientes para garantir a qualidade de vida.

Quanto vale esse salário intangível?

O salário emocional está diretamente ligado ao desempenho e satisfação das pessoas, além de ter papel fundamental na criação de um clima organizacional positivo.

No entanto, é importante entender que o salário emocional não tem preço, ou seja, não pode ser medido em valores monetários. Isso acontece porque esse tipo de salário envolve questões muito subjetivas e sutis, que podem variar de acordo com cada profissional e cada ambiente corporativo.

Dessa forma, o salário emocional será diferente para cada empresa e para cada profissional. O importante é que os profissionais responsáveis pela gestão de pessoas da empresa avaliem o que pode ser feito para melhorar o retorno emocional que os colaboradores têm dentro da organização, de forma a reter talentos para o negócio.

O que pode ser implementado na empresa como remuneração emocional?

Como você já entendeu, o salário emocional é um conjunto de fatores subjetivos que podem ser oferecidos por uma empresa para promover a satisfação interna e aumentar o engajamento dos colaboradores com suas atividades diárias.

A seguir, reunimos alguns exemplos de práticas que podem ser implementados nas empresas como forma desse salário intangível:

  • Políticas de reconhecimento de trabalho (como uma política de feedbacks, por exemplo);
  • Oportunidades de desenvolvimento profissional;
  • Planos de carreira claros e frequentemente discutidos;
  • Ambiente de trabalho positivo, agradável e estimulante, focado na resolução de problemas;
  • Promoção da sensação de pertencimento entre os colaboradores;
  • Estímulo ao aprendizado contínuo;
  • Políticas motivacionais;
  • Comunicação ágil e transparente entre todos os profissionais;
  • Transparência em relação a todos os objetivos da empresa (afinal, todos devem estar alinhados para o mesmo propósito);
  • Tarefas focadas em estimular as habilidades individuais dos profissionais;
  • Ações de endomarketing em datas comemorativas;
  • Programas de treinamentos para funcionários;
  • Aplicação de pesquisas anônimas de clima organizacional e satisfação interna;
  • Flexibilidade nas jornadas de trabalho e rotinas internas (empresas que contam com soluções de controle de ponto online podem ter mais facilidade em promover tal flexibilidade de rotinas. Você pode testar a solução de controle de ponto online da mywork durante 7 dias clicando aqui;
  • Avaliações de desempenho diretas e objetivas;
  • Programas de bem-estar e lazer, como academias, grupos de esportes, etc.

Cuidados em relação ao salário emocional

Agora que você já entendeu o que é o salário emocional e como ele pode fazer a diferença no dia a dia dos trabalhadores, chegou o momento em que vamos te dar alguns conselhos.

Embora essa remuneração subjetiva seja vantajosa para as empresas, é preciso muito cuidado para que os fatores que envolvem o salário emocional funcionem como uma “substituição” da remuneração financeira adequada.

Em outras palavras, o salário emocional não deve, em hipótese alguma, ser usado para protelar aumentos de salário ou progressos de carreira dentro da empresa. 

Separamos aqui algumas dicas do que deve e do que não deve ser feito quando falamos em salário emocional:

  • O salário emocional não deve substituir pesquisas, atualizações e ajustes de remuneração financeira, muito menos para adiar promoções, aumentos, etc;
  • Um dos objetivos do salário emocional deve ser o desenvolvimento contínuo do profissional e não deve ser usado apenas como uma forma de “exibir” a empresa;
  • A ferramenta que envolve essa remuneração subjetiva deve ser muito clara para todos os colaboradores e líderes;
  • Embora a empresa tenha soluções para promover o bem-estar dos funcionários durante suas rotinas de trabalho, ela não deve, de forma alguma, exigir que os colaboradores abram mão de suas rotinas fora do ambiente de trabalho (família, saúde, etc);
  • Implementar o salário emocional exige planejamento e estratégia, pois, sem isso, perde o sentido.